segunda-feira, 2 de abril de 2012

Eu faço solidão


Há uma forma que me prende ou me permite escapar os pensamentos.
Uma forma tão enquadrada que quase não suporta a divisão desses dois espaços unidos.
Lá fora, sempre que olho, brota uma nova semente.
Um quadro ainda fresco, em movimento, quente.
Tudo daqui é pequeno.
Já olhando para dentro, tudo passa da minha cabeça, quase incomoda.
Um plano fechado revelando a intimidade da paisagem dura e fria.

Oferece a mim uma surpresa, ofereço o meu tempo esquecido.
Aberta faz um bem.
Coloco as ideias pra secar, enquanto sou transportado de vertigem.
Posso ouvir duas melodias, que se misturam, viram silêncio. Nublado.
Ficar estacionado até uma noite aborrecida de luz vislumbra.

Aqui pode ser porta para o forte, e pode ser remédio para um tão fraco.
Vejo o que tem além, desperdiço, por hora, a realidade.
Pintei algumas coisas a menos. Meus sentimentos sempre influenciam a cena.
Poeira e vento dançam juntos nesse pequeno intervalo de espaço.


Já não se vê mais aqui a fotografia estourada de branco e mal posicionada.
Não é mais espaço. Falta o sagrado tempo.
Sufoca, prende e engana.
Mas, distante dela, confesso, desequilibro.

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